quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MENSAGEM
Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
            Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando outros dormem, ouviria quando os outros falam e como desfrutaria um bom gelado de chocolate.
            Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma mais simples, deixando a descoberto não apenas o me3u corpo, mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas de um poema de Benedete e uma canção de Serrat. Seria a serenata que eu oferecia à lua!
Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida não deixaria passar um só instante sem dizer às pessoas de quem gosto, que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar!
A uma criança, dar-lhes-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas foram as coisas que aprendi com vocês, homens! Aprendi que todo mundo quer viver encima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está em subir na encosta... Aprendi que quando um recém nascido aperta, com sua pequena mão pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
            Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo quando vai ajuda-lo a sentar-se... “São tantas coisas que pude aprender com vocês, mas não me irão servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer...”  Gabriel Garcia Márquez.